quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ser mãe de uma criança especial...


            A chegada de um filho é sempre um momento especial, seja ele planejado ou não.  E o que acontece quando aquela criança, de quem já tanto amamos, nasce e descobrimos que é especial? Eu me encontrei essa semana com uma mãe que passou por esse momento. Bernadete só teve a confirmação quando seu filho Ricardo já tinha quase 3 anos. Não havia nenhum indício de qualquer problema no bebê e nenhuma consulta no pediatra despertou qualquer suspeita, mas aos poucos Bernadete percebeu algo diferente. Algumas pessoas próximas alertaram: “seu bebê é diferente, Bernadete, ele não sorri”.
            Um dia ela o levou para o pronto-socorro, devido a um problema pulmonar, e a médica residente percebeu que havia algo errado na criança. Ela sugeriu a Bernadete que procurasse um neurologista. Bernadete o fez e, então, veio a notícia: Ricardo teve falta de oxigenação durante o parto e um lado de seu cérebro foi lesado. Não se tratava de uma síndrome conhecida, mas de uma lesão que não apresenta muitas pesquisas sobre. Ela conta que saiu tão desnorteada do consultório, que não sabia mais para onde ir e nem o telefone do marido para ligar. “Eu me culpo muito por não ter descoberto antes”.
            Ricardo deu seu primeiro passo aos 3 anos. Ele babava muito e batia sua cabeça contra a parede. Só veio a falar com 9 anos, quando entrou para a APAE. A mãe diz: “Foi o dia mais triste da minha vida: o primeiro dia que o deixei lá. Vi todas aquelas crianças com deficiências ainda maiores, com um futuro tão limitado. Nos 10 anos que ele freqüentou a APAE, não teve um só dia que não chorei. Por que tinha que ser assim?”.
            Bernadete diz que não há muitas políticas públicas para esse tipo de deficiência, e a falta de dinheiro e tempo não a possibilitaram de investir em médicos e professores especializados.
            Hoje Ricardo tem 31 anos e não faz quase nada sozinho. Apesar de não ter nenhuma deficiência física, ele se comporta como uma criança pequena. Não sai sozinho, é inseguro, tem medo até de descer as escadas. Gosta de brinquedos de criança, de folhear revistas. Fala muito, a maioria das vezes com sílabas e letras trocadas.
            Bernadete diz que seu grande desejo é que ele um dia aprenda a ler e a escrever, e que saiba conversar sobre algum assunto com alguém. Que seja, enfim, mais independente. “Sou sozinha, o pai dele não é presente e minha mãe morreu. Temo pelo futuro dele”. E completa: “Não importa quanto tempo passe, eu sempre terei a esperança de que um dia ele melhore e se torne uma pessoa normal”.







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